sábado, maio 05, 2007

A abrangência dos decretos de Deus

A Escritura muitas vezes fala dos decretos de Deus, que é a Sua soberania, as determinações eternas de tudo o que é, do que foi, e do que será na criação, na história, e na salvação. Mas, de fato, estão predeterminadas todas as coisas?

A Escritura ensina de modo muito claro que Deus preterminou tudo. Ele decretou:
  • A terra e os seus fundamentos (Pv 8:29).
  • O mar e os seus limites (Jó 38:8-11).
  • A chuva (Jó 28:26).
  • O sol, a lua e as estrelas (Sl 148:3-6).
  • O tempo e os períodos da história (Is 46:9-10).
  • As fronteiras e as diferenças étnicas das nações (At 17:26).
  • O nosso nascimento e carácter (Sl 139 15-16).
  • O curso da vida (Jr 10:23), cada pensamento e palavra (Pv 16:1).
  • O poder e a autoridade dos homens, bem como a sua incredulidade (Êx 9:16).
  • A impiedade dos homens (1 Pe 2:8), incluindo a maldade daqueles que crucificaram Cristo (At 4:24-28).
  • A vinda do reino anticristão (Ap 17:17).
  • A condenação dos ímpios (Mt 26:24-25; Rm 9:22).
  • O julgamento dos anjos caídos (Jd 6).
  • O fim de todas as coisas (Is 46:10).
  • O nascimento (Sl 2:7-8), a vida (Lc 22:22) e a morte (Ap 13:8) de Cristo.
  • Cada parte da salvação, incluindo o chamado (Rm 8:28), a fé daqueles que creêm (At 13:48), a justificação (Rm 8:30), a adoção (Ef 1:5), a santidade e as boas obras (Ef 1:3-4; 2:10), e a herança da glória (Ef 1:11).
  • Todas as coisas no céu, na terra e no inferno (Sl 135:6-12).

É possível que seja difícil para um crente aceitar este ensino. Entretanto, isto significa para outros que para o crente não são os ímpios, nem os demônios, mas apenas Deus está no controle de tudo o que existe.

Isto significa que nada acontece por acaso - especialmente que nada ocorre com o povo de Deus que não esteja determinado pelo Seu Pai celestial. Assim, todas as coisas, cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, pois o Seu Pai tudo decretou.

O desconhecimento da soberana determinação de Deus sobre todas as coisas é a razão porque “homens desmaiarão de terror, angústia entre as nações em perplexidade por causa do bramido do mar e das ondas” (Lc 21:26). Sem um soberano Deus decretando, eles são sem esperança (Ef 2:12).

Confessemos diante do mundo que “o nosso Deus está nos céus; tudo faz segundo o Sua boa vontade” (Sl 115:3).

Extraído de Ronald Hanko, Doctrine according to Godliness - A Primer of Reformed Doctrine, p. 73

quarta-feira, abril 04, 2007

Ética Calvinista

A ética Calvinista depende da revelação. A diferença entre o certo e o errado não é identificado pela descoberta empírica da lei natural, como pensam Aristóteles e Tomás de Aquino, nem pelo formalismo lógico de Kant, e certamente, não é pelo impossível cálculo do utilitarianismo do bem maior alcançada pela soma do maior número, mas pela revelação de Deus dos Dez Mandamentos. Esta revalação vem primeiro do ato de Deus criar o homem à Sua própria imagem, de modo que determinados princípios morais básicos foram implantados em seu coração, antes de ser viciado no pecado; segundo, houve especiais instruções que foram entregues a Adão e a Noé, que anulam a dúvida e aumenta a dádiva interna; terceiro, uma revelação mais completa foi entregue a Moisés; e ainda, em quarto lugar, os vários preceitos complementares no restante da Bíblia. (...) O Calvinismo define o pecado como sendo algo fora de conformidade ou em transgressão à lei de Deus. Salvo pela graça, como ele é, salvo do pecado e dos seus efeitos, o cristão é santificado constantemente por uma mais completa obediência dos Dez Mandamentos.

Extraído de Gordon H. Clark, Essays on Ethics and Politics, p. 3-4, 6

terça-feira, março 20, 2007

Paulo e o movimento feminista

Talvez, devesse acrescentar um esclarecimento do último ponto para que se faça a diferença entre Paulo e o movimento feminista de hoje [1919], que está arraigado numa diferença fundamental em suas perspectivas em relação à constituição da raça humana. Para Paulo, a raça humana é composta de famílias, e todos os diversos organismos – inclusive a igreja – estão compostos por famílias, unidos por este, ou outro vínculo. Portanto, a relação dos sexos na família continua na igreja. Para o movimento feminista a raça humana é composta de indivíduos; uma mulher é simplesmente outro individuo comparado ao homem, e não podemos considerar nenhum motivo para que existam diferenças ao tratar os dois. Se não podemos ignorar a grande diferença fundamental e natural dos sexos, e destruir a grande unidade social fundamental da família a favor do individualismo, parece não existir uma razão para que eliminemos as diferenças estabelecidas por Paulo entre os sexos na igreja; exceto, se supor-se, a autoridade de Paulo. Em tudo isto, finalmente, retornamos a autoridade dos apóstolos, como os fundadores da igreja.

Extraído de B.B. Warfield, Paul on Women speaking in Church in: John W. Robbins, ed., The Church Effeminate, p. 215

segunda-feira, março 12, 2007

A continuidade da salvação em família

A verdade de que Deus salva o seu povo numa linha de contínuas gerações é tão parte do ensino da Escritura que ninguém pode ignorá-la, se entendermos a Escritura no seu todo. De fato, ela é uma verdade que é especialmente enfatizada no Antigo Testamento, mas a idéia está tão presente que se alguém seguir o argumento de que estas passagens referem-se apenas a nação de Israel, então, fará uma grande divisão da antiga dispensação tornando-a totalmente irrelevante para a igreja da nova dispensação.

Extraído de Herman Hanko, We and Our Children: The Reformed Doctrine of Infant Baptism, p. 78

sábado, março 10, 2007

As leis da razão

A razão pode ser denominada como um eterno atributo de Deus, e como tal, ele não é criado. Entretanto, isto não significa que as leis da razão são independentes da vontade de Deus, ou que estão de algum modo limitadas pelo seu poder. As leis da razão podem ser aceitas como a descrição da atividade da vontade de Deus, e conseqüentemente, dependentes dela, ainda que não criadas como o mundo foi criado.

Extraído de Gordon H. Clark, A Christian View of Men and Things in: Works, vol. 1, p. 119

O significado revelacional da história

A revelação, então, explica o significado da história. Sem a revelação não existe a possibilidade de desenvolver um sentido. Por isso, agora, mais pessoas, mesmo os historiadores profissionais, procuram entender a história, e estão insatisfeitos com uma mera lista de eventos, o postulado da revelação poderia, por esta razão, ser recomendada a eles.

Extraído de Gordon H. Clark, An Introduction to Christian Philosophy, in: Works, vol. 4, p. 333.

quarta-feira, março 07, 2007

A controvérsia Clark-Van Til

Em vinte e cinco anos publicando as obras do Dr. Gordon H. Clark, tenho encontrado poucas pessoas - e conversado com muitas outras - que antipatizam intensamente Gordon Clark, sem nunca terem lido qualquer um dos seus livros. Em muitos casos estas pessoas foram inoculadas contra o Dr. Clark pelo Dr. Van Til, ou algum de seus estudantes. É lamentável que esta animosidade continue 60 anos após ter iniciado a controvérsia Clark-Van Til; é trágico que os professos discípulos do Dr. Van Til continuem difamando e distorcendo o Dr. Clark e obscurecendo as suas importantes contribuições tanto na filosofia e teologia cristã. O Dr. Hoeksema percebeu com clareza qual das partes advogava a posição bíblica nestes quatro ensaios sobre a controvérsia, que exige extraordinária entendimento - ou lealdade pessoal limitando a idolatria - para outros que não podem perceber tão claramente após meio século. Esperamos que este pequeno livro auxilie o seu entendimento, e que se reúna conosco para promovermos uma consistente fé cristã. É a nossa esperança que os discípulos do Dr. Van Til finalmente reconheçam os seus erros, e findem com a sua oposição contra a filosofia cristã do Dr. Clark.

Extraído de John W. Robbins, postscript in: The Clark-Van Til Controversy, by Herman Hoeksema, p. 103.

Princípio fundamental do Calvinismo

A exata formulação do princípio fundamental do Calvinismo está estabelecida numa longa série de pensadores nos últimos séculos (...). Talvez, a sua simples declaração expresse melhor: que o Calvinismo repousa sobre uma profunda apreensão de Deus em Sua majestade, com a inevitável e estimulante realização da exata natureza da relação que Ele sustenta na criação como ela é, e em particular, na criatura pecadora. Aquele que crê em Deus sem reservas, está determinado a deixar que Deus seja Deus em todos os seus pensamentos, sentimentos e volições - em inteiro compasso das suas atividades vitais, intelectuais, morais e espirituais, através de suas relações pessoais, sociais e religiosas - e, pela força da mais rigorosa de toda a lógica que preside sobre a produção dos princípios no pensamento e vida, pela necessidade do caso, é um Calvinista. Por Calvinismo, assim, obejtivamente falando, o Teísmo encontra a sua prerrogativa; subjetivamente falando, a relação religiosa alcança a sua pureza; soteriologicamente falando, a religião evangélica encontra prolongada a sua expressão e a sua segura estabilidade. O Teísmo encontra a sua prerrogativa somente numa concepção teleológica do universo, que percebe no completo curso dos eventos a realização ordenada do plano de Deus, que é o seu autor, preservador e governador de todas as coisas, e que será conseqüentemente a causa última de tudo. A relação religiosa alcança a sua pureza apenas quando uma atitude de absoluta dependência de Deus não é meramente assumida temporariamente no ato, ou seja, da oração, mas é mantida através de todas as atividades da vida intelectual, emocional e demais atitudes. E a religião evangélica recebe estabilidade somente quando a alma pecadora descansa em humildade, se auto-esvaziando verdadeiramente com pureza sobre o Deus da graça como o imediato e único recurso de toda eficácia que conduz à sua salvação. E estas coisas são princípios formativos do Calvinismo.

Extraído de B.B. Warfield, Calvin and Calvinism in: Works, vol. 5, pp. 354-355.

sábado, março 03, 2007

Uma teoria realista da revelação

Eu desejo afirmar que uma satisfatória teoria da revelação precisa envolver uma epistemologia realística. Por realismo em sua relação, eu entendo uma teoria que a mente humana possuí alguma verdade - não uma analogia da verdade, nem uma representação de, ou correspondente da verdade, nem uma mera alusão da verdade, nem um verbalismo sem sentido acerca de uma nova espécie de verdade, mas a própria verdade. Deus falou a Sua Palavra em palavras, e estas palavras são símbolos adequados do conteúdo conceitual. O conteúdo conceitual é literalmente verdadeiro, e ele é um referência inequívoca e idêntica do mesmo conhecimento de Deus e do homem.

Extraído de Gordon H. Clark, God's Hammer: The Bible and Its Critics, p. 38.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Fé e razão

O Cristianismo inclui a primazia do intelecto e a soberana reivindicação da verdade. Não existe uma antítese entre a cabeça e o coração, nem depreciação da crença intelectual.

Extraído de Gordon H. Clark, Religion, Reason and Revelation, Works vol. 4, p. 180

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Controvérsia sobre a Ceia do Senhor

Ao venerável irmão no Senhor, João Agrícola, [1] ministro de Cristo.

Graça e paz em Cristo.

Após o regresso do nosso colóquio em Marburgo[2], meu querido Agrícola, te comunicamos o resultado do nosso encontro nesta cidade vizinha. O landgrave de Hesse nos recebeu magnificamente e nos hospedou de modo esplêndido. Estiveram presentes Ecolampadio, Zwinglio, Bucer, Hedio e três outros notáveis: Jacob Sturm de Strasburgo, Ulrich Frank de Zurich e N. de Basilea. Solicitaram a paz com humildade excessiva. O nosso debate durou dois dias. Procurei responder bem tanto a Zwinglio como a Ecolampadio, e lhes confrontei com as palavras «isto é o meu corpo». Refutei a todas as suas objeções. No dia anterior tivemos conversas privadas e amigavelmente, eu, Ecolampadio, Zwinglio e Felipe. Entretanto, chegaram Andrés Osiander, João Brenz e Estevão de Augsburg; mas, estes, no final das contas, são inábeis para discutir e carecem de experiência nestes assuntos. Ainda que se deram conta de que a sua argumentação não era de maneira alguma conclusiva, nem quiseram ceder em um único ponto da sua opinião sobre a presença do corpo de Cristo; e, não o fizeram, em meu entendimento, mais por temor e falsa vergonha, do que por má vontade. No restante puderam ceder, como poderás ver no texto impresso.

No final perguntaram-nos se pelo menos, estávamos dispostos a reconhecê-los como irmãos, pois o príncipe urgia que assim se fizesse. Mas, foi-nos impossível fazer esta concessão. Todavia, lhes estendemos a mão como um sinal de paz e de caridade, comprometendo-nos uns com os outros, em evitar palavras e escritos que possam ferir, e que não se façam invenções ao ensinar a opinião correspondente, mas sem renunciar a defesa e a refutar o parecer contrário. E desta forma nos separamos.

Rogo a ti que comuniques isto ao nosso querido irmão, o Dr Gaspar Aquila[3].

A graça de Cristo esteja convosco, amém.

Jena, 12 de Outubro de 1529.
Teu Martinho Lutero


Notas:
[1] WA Br 5, 160. João Agrícola (ver Palestras, 35).
[2] Colóquio sustentado em 1529 entre os reformadores suiços e os luteranos, quanto ao teor das suas diferenças sobre determinados aspectos teológicos, e fundamentalmente eucarísticos (ver carta 22, nota 5).
[3] Amigo e companheiro de João Agrícola, presente entre os luteranos «ortodoxos» quando vislumbraram qualquier desvio (por exemplo, em Augsburg).

sexta-feira, dezembro 22, 2006

A mensagem básica das Escrituras

A mensagem básica da Bíblia também provê evidência para convencer-nos de que os autores escreveram não os próprios pensamentos, mas os pensamentos de Deus. Qual é a mensagem central da Bíblia? Ela é a narração da completa ruína em pecado, da sua incapacidade de se salvar, e do poder de Deus em salvá-lo apenas pela graça. Esta é uma humilhante mensagem que a mente humana naturalmente não poderia pensar. Quando entregue a si mesmo, o homem sempre inventou outra espécie de religião. Todas as religiões de origem humana ensinam que o homem não é completamente pecaminoso que ele pode, de algum modo, salvar a si mesmo. A Bíblia ensina que o homem está morto em pecado, incapaz de salvar a si mesmo, e que somente pode ser salvo pela graça de Deus. Isto é contrário ao orgulhoso pensamento do homem natural. Não admitimos naturalmente a nossa humilhação, as falhas e incapacidade. Ao ensinar acerca do nosso pecado e necessidade de salvação, está evidenciado que os autores da Bíblia não estavam sob o controle de seus próprios espíritos, mas sob o Espírito Santo de Deus (2 Pedro 1:21).

Extraído de Calvin Knox Cummings, Confessing Christ, p. 15.

terça-feira, dezembro 05, 2006

A sabedoria e conhecimento de Deus

A sabedoria e o conhecimento estão enraizadas em diferentes capacidades da alma. A fonte do conhecimento é o estudo; da sabedoria, o discernimento. O conhecimento é discursivo; a sabedoria é intuitiva. O conhecimento é teórico; a sabedoria é prática e teleológica; ela faz o conhecimento servir para uma finalidade. O conhecimento é um assunto da mente aparte da vontade; a sabedoria é um assunto da mente que a torna subserviente à vontade. O conhecimento é muitas vezes impraticável; i.é., não se adapta as atividades comuns da vida, enquanto que a sabedoria é adaptada para se viver; ela é ética em caráter; ela é a arte de se viver com propriedade; ela caracteriza o homem que corretamente utiliza o seu maior acúmulo de conhecimento, e que escolhe a melhor finalidade e os melhores meios para enriquecer àquele fim.

Extraído de Herman Bavink, The Doctrine of God, p. 195-196.

terça-feira, novembro 21, 2006

Santidade progressiva

Apesar de seu estado de santificado, o cristão verdadeiro ainda não alcançou uma condição completamente santificada. Deverá continuar esforçando-se pela santidade e piedade (Hb 12:14). O crescimento na santidade virá após a regeneração (Ef 1:4; Fp 3:12). Paulo ora para que os tessalonicenses sejam completamente santificados, como algo que ainda está por realizar-se.

Querido crente, a santificação é algo que você tem em Cristo, diante de Deus, pelo qual deve se esforçar com o poder de Deus. O seu estado de santidade foi outorgado; mas, a sua condição de santidade deve ser alcançada. Por meio de Cristo você é santificado em sua condição diante de Deus, e por meio de Cristo está chamado a refletir esta condição sendo santo em sua vida diária. Pela graça foi chamado para ser na vida real o que já é por princípio.

Extraído Joel R. Beeke, La Santidad, p. 11

sexta-feira, outubro 27, 2006

O método da Teologia Sistemática

O estudo metodológico da Bíblia que analisa a Escritura Sagrada como uma completa revelação, em distinção das disciplinas de Teologia do Antigo Testamento, Teologia do Novo Testamento e Teologia Bíblica, as quais se aproximam das Escrituras como uma revelação progressiva. Deste modo, o teólogo sistemático analisa as Escrituras como uma revelação completa, buscando entender holisticamente o plano, propósito e a intenção didática da mente divina revelada na Sagrada Escritura, e organizar este plano, propósito e intenção didática de modo ordenado e apresentação coerente como artigos da fé cristã.

Extraído de Robert L. Reymond, A New Systematic Theology of the Christian Faith, p. xxv-xxvi

A natureza da Teologia Sistemática

É aquela disciplina teológica em que o dogmático, numa relação orgânica com a igreja do passado, bem como do presente, propõe esclarecer das Escrituras o verdadeiro conhecimento de Deus, ao confirmar em alguma forma sistemática, e depois comparar os dogmas existentes com a Escritura, conduzindo o conhecimento de Deus ao mais alto estado de desenvolvimento.

Extraído de Herman Hoeksema, Reformed Dogmatics, vol. 1, p. 6

O que é dogmática?

A dogmática é a descrição sistemática dos conteúdos e correlação mútua das verdades (dogmata) reveladas na Palavra de Deus.

Extraído de G.H. Kersten, Reformed Dogmatics, vol. 1, p. xiii

sábado, outubro 21, 2006

O testemunho do milagre

Não que nos milagres se revele um poder maior que o que se encontra no curso ordinário das coisas. Todas as coisas que Deus trás à existência é obra de sua singular onipotência. Mas, nos milagres Deus usa outro caminho que se esperava dele, conforme o curso normal dos acontecimentos. Na Escritura muitas vezes, se pode discernir esta “outra maneira” da obra de Deus, e assim oferece o fundamento do caráter testemunhal dos milagres. Desse modo, se explica a origem do assombro.

Extraído de G.C. Berkouwer, The Providence of God, p. 231

Entendimento acerca do milagre

Temo que uma quantidade de cristãos contemporâneos, com seu conceito de milagres como sendo atos sobrenaturais, e com seu conhecimento da medicina e psicologia atual, duvidariam do caráter miraculoso das curas relatadas nas Escrituras se as mesmas ocorressem na Europa de hoje... [porque] o sobrenatural sempre foi, é, e sempre será, um asylum ignorantiae em que alguém pode classificar tudo e cada coisa que não se pode explicar. (...) [por isso] estou convencido que de modo algum é necessário estabelecer intervenções sobrenaturais como uma explicação dos milagres que as Escrituras relatam. Todos que usam o sobrenatural como uma explicação, se privam do discernimento que poderiam alcançar enquanto a verdadeira natureza desses acontecimentos.

Extraído de J.H. Diemer, Nature and Miracle, pp. 21-23

A natureza do milagre

Um milagre não é sinal de que um Deus, normalmente ausente, se faz momentaneamente presente, ... [mas], é um sinal de que Deus, por um momento e com um propósito especial, está transitando por caminhos que normalmente não transita, ...um sinal de que Deus, sempre presente em poder criador, está operando aqui e agora, de uma maneira que não é familiar.

Extraído de Lewis Smedes, Ministry and the Miracle, pp. 48-49

A falsa distinção no milagre

A partir da Palavra de Deus, é evidente que todas as obras de Deus são miraculosas, porque as obras de Deus são maravilhosas. Por esta razão a questão não é se algo é natural ou sobrenatural - o que muitas vezes tem se discutido em relação a idéia de milagre - é irrelevante e está baseado sobre uma errônea noção da relação entre Deus e o mundo. Este debate não pertence propriamente a Teologia Reformada, mas, ela é na realidade uma noção deística. Qualquer um que crê na concepção reformada da providência de Deus, certamente entenderá e confessará que a distinção entre natural e sobrenatural é falsa. As coisas ou eventos que chamamos de naturais são sempre obras de Deus, manifestações do onipresente poder de Deus que sustenta e governa todas as coisas. A natureza nada realiza por si mesma.

Extraído de Herman Hoeksema, Reformed Dogmatics, p. 343

terça-feira, outubro 17, 2006

Semente do relativismo doutrinário

Todos devem estar cientes de que há nos dias de hoje um grande preconceito contra doutrina – ou, como é muitas vezes chamada – “dogma” – na religião; uma grande desconfiança e aversão ao pensamento claro e sistemático a respeito de coisas divinas. Os homens preferem, não se pode deixar de notar, viver numa religião de nebulosidade e indefinição com relação a esses assuntos. Querem que o seu pensamento seja fluido e indefinido – algo que possa ser mudado com os tempos, e com as novas luzes que eles acham estarem constantemente aparecendo para iluminá-los, continuamente adquirindo novas formas e deixando o que é velho para trás.

Extraído de James Orr, Sidelights on Christian Doctrine, p. 3

sexta-feira, outubro 13, 2006

O padrão ético

A ética está em conformidade com certos padrões, princípios e leis. Ela pressupõe e tacitamente assume que existe um padrão, uma lei acima de um ser ético, e que este ser ético está obrigado a ser e agir em conformidade com este padrão.

Extraído de Herman Hoeksema, Reformed Dogmatics, vol.1, p. 132.

O ideal ético

O ideal ético, se quiser assegurar o seu caráter absoluto, indica para uma base eterna no Ser absoluto. Levando-nos para a concepção de Deus como um ser eticamente perfeito, fonte e origem da verdade moral, fonte da lei moral, que como vimos está comprometida com o Cristianismo.

Extraído de James Orr, Concepción Cristiana de Dios y el Mundo, p. 139.

Fonte da ética

A ética secular, assim como a epistemologia secular, procura encontrar um absoluto em qualquer lugar que não seja na Palavra de Deus. Portanto, ela busca um padrão ético nos mais prováveis lugares: no subjetivismo humano (existencialismo), no mundo empírico (teleologia), na lógica, ou na razão (deontologia).

Extraído de John M. Frame, The Doctrine of God, p. 194.

Exemplo ético

Se Jesus deu-nos um exemplo que devemos seguir os seus passos, e, se a ética cristã é deste modo definida, então a maior necessidade característica do modo de vida e conduta cristã é obedecer aos mandamentos de Deus.

Extraído de John Murray, The Claims of Truth in: Collected Writings of John Murray, vol. 1, p. 181

quarta-feira, outubro 04, 2006

O poder transformador das Escrituras

Elas têm mudado seus corações. Alguns por lerem as Escrituras têm se tornado outras pessoas; tem sido feitos santos e graciosos. Por lerem outros livros o coração é inflamado, mas por lerem as escrituras ele é transformado. 2. Co. 3:3. “Estando já manifestos como cartas de Cristo, produzida pelo vosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente”. A Palavra foi escrita dentro de seus corações, e elas são provenientes da carta de Cristo, de tal modo que outros podem ler Cristo neles. Se você colocar um selo sobre a escultura, e colocar um carimbo nele, haverá uma notável virtude neste selo; então quando o selo da Palavra tem um carimbo da graça celestial, há necessidade de haver um poder agindo com a Palavra, não menos que divino. Isto conforta seus corações. Quantos cristãos têm passado por rios de lágrimas, a Palavra tem gotejado como mel, e docemente revive-os. O principal conforto do cristão é extrair as fontes de salvação. Rm. 15:4. “é pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”. Quando a pobre alma está pronta para a morte, não há nada para confortá-la senão o estímulo das Escrituras. Quando está doente a Palavra revitaliza-o 2 Co.4:17. “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória”. Quando está deserta a Palavra pinga-nos o óleo dourado da alegria. Lm. 3:31. “O Senhor não rejeitará para sempre”. Ele modifica sua providência, não seu propósito; ele tem os olhos de um inimigo, mas o coração de um pai. Assim a Palavra tem o poder de confortar o coração. Sl.119:50 “O que me consola na minha angústia é isto, que a tua Palavra me vivifica”. Como vida é transmitida pelas artérias do corpo, assim os confortos divinos são transmitidos através das promessas da Palavra. Agora as Escrituras tem esta alegria, o poder de confortar o coração deles, mostra claramente que eles são de Deus, e que foi ele que colocou o leite da consolação em seus seios.

Extraído de Thomas Watson, A Body of Divinity, p. 29.

Tarefa de supervisão dos presbíteros

É na igreja que a supervisão é exercida. Existe aqui uma sutil e necessária distinção. Enquanto a supervisão é sobre a igreja, ela não está acima de algo da qual os presbíteros se isentam. Os presbíteros não são senhores sobre a herança do Senhor; eles mesmos fazem parte do rebanho e devem ser exemplos para ele. A Escritura tem um modo singular de enfatizar a unidade e diversidade, e neste caso, a diversidade que reside no exercício do governo é mantida na mesma proporção em que lembramos que os presbíteros também são sujeitos ao governo que eles exercem sobre outros. Presbíteros são membros do corpo de Cristo e estão sujeitos à mesma espécie de governo da qual eles são administradores.

Extraído de John Murray, Collected Writings: The Claims of Truth, vol.1, p. 262.

Deveres dos presbíteros docentes

Um dos seus mais solenes deveres é vigiar a vida e o trabalho do pastor. Se o pastor não leva uma vida exemplar os presbíteros regentes da igreja devem chamar-lhe a atenção, e corrigi-lo. Se não é tão diligente em sua obra pastoral como deveria sê-lo, devem estimulá-lo para que tenha maior zelo. Se a falta de paixão que deve caracterizar a pregação da Palavra de Deus, os presbíteros regentes devem dar os passos necessários para ajudá-lo a superar tal defeito. E, se a pregação do pastor, em qualquer assunto de maior ou menor importância, não está de acordo com a Escritura, os presbíteros não devem descansar até que o mal tenha sido resolvido.

Extraído de R.B. Kuiper, El Cuerpo Glorioso de Cristo, p. 132.

Onisciência divina e oração

Deus previu as nossas orações antes da fundação do mundo. Ele preparou a resposta as nossas orações em toda a estrutura do universo. Ele sabia que oraríamos, e que oraríamos numa maneira espontânea como um filho clama a seu pai. Deus colocou o universo sobre um princípio de relacionamentos pessoais em que Ele responde a oração, e podemos, em um sentido, entender Sua amorosa provisão somente com base na Sua onisciência.

Extraído de J.O. Buswell, A Systematic Theology of the Christian Religion, vol. 1, p. 61