quinta-feira, abril 30, 2009

Quem é o calvinista?

O calvinista é o homem que vê Deus por trás de todo fenômeno, e, em tudo o que sucede, reconhece a mão de Deus operando a sua vontade; o calvinista, em todas as atividades de sua vida adota uma atitude permenente de oração; o calvinista se entrega completamente à graça de Deus e, exclui qualquer traço de autosuficiência em toda a obra da salvação.

Extraído de B.B. Warfield, Calvin as a Theologian and Calvinism Today, p. 24

sábado, outubro 18, 2008

Evangelicalismo enfermo

O que uma vez foi falado das igrejas liberais precisa ser dito das igrejas evangélicas: elas buscam a sabedoria do mundo, creêm na teologia do mundo, seguem a agenda do mundo, e adotam os métodos do mundo. De acordo com os padrões da sabedoria mundana, a Bíblia torna-se incapaz de alimentar as exigências da vida nestes tempos pós-modernos. Por si mesma, a Palavra de Deus seria insuficiente de alcançar pessoas para Cristo, promover crescimento espiritual, prover um guia prático, ou transformar a sociedade. Deste modo, igrejas acrescentam ao simples ensino da Escritura algum tipo de entretenimento, grupo de terapia, ativismo político, sinais e maravilhas - ou, qualquer promessa apelando aos consumidores religiosos. De acordo com a teologia do mundo, pecado é meramente uma disfunção e salvação significa desfrutar de uma melhor auto-estima. Quando esta teologia adentra a igreja, ela coloca dificuldades em doutrinas essenciais como a propiciação da ira de Deus substituindo-a com técnicas e práticas de auto-aceitação. A agenda do mundo é a felicidade pessoal, assim, o evangelho é apresentado como um plano para a realização pessoal, em vez de ser a caminhada de um comprometido discipulado. Para terminar, vemos que os métodos do mundo nesta agenda egocêntrica é necessariamente pragmática, sendo que as igrejas evangélicas estão se esforçando a todo custo em refletir o modo como elas operam. Este mundanismo tem produzido o "novo pragmatismo" evangélico.


Extraído de James M. Boice & Philip G. Ryken, The Doctrines of Grace, pp. 20-21

sexta-feira, setembro 12, 2008

Meios de graça são meios de fé

"é verdade que o Catecismo [Heidelberg] realmente fala da pregação da Palavra e dos sacramentos como um meio de fé, antes do que um meio de graça; mas, desde que fé é um elo da união com Cristo, e é por esta razão, é que pela fé que recebemos todas as bênçãos da graça, é por isto que ela sempre é usada nesta relação: meio de graça."

Extraído de Herman Hoeksema, The Triple Knowledge – An Exposition of the Heidelberg Catechism, vol. 2, pp. 392-393

sexta-feira, agosto 29, 2008

A necessidade da Palavra para a salvação

Deus pode e concede convenientemente os seus benefícios salvadores aos homens pela Palavra somente, os sacramentos se tornam obrigatórios apenas na perspectiva do preceito divino, e o seu uso sendo negligenciado resulta em desnutrição espiritual do mesmo modo que a desobediência acarreta em destrutivos efeitos sobre a alma.

Extraído de Robert L. Reymond, A New Systematic Theology of the Christian Faith, p. 913

quinta-feira, agosto 21, 2008

A teologia como adoração

O propósito da teologia é a adoração a Deus. A postura da teologia é sobre os joelhos. O modo da teologia é o arrependimento.

Extraído de James M. Boice & Philip G. Ryken, The Doctrines of Grace, pág. 179

O que é o coração?

O coração representa o centro unificador de toda a existência do homem, o ponto de convergência espiritual de todo o nosso ser, o aspecto interior reflexivo que estabelece a direção para todas as relações da nossa vida. É a fonte de todos os nossos desejos, pensamentos, sentimentos, das nossas ações e qualquer outra expressão de vida. É a fonte principal de onde flui todo o movimento do intelecto do homem, de suas emoções e de sua vontade, bem como de todas as outras "faculdades", ou modo de nossa existência. Em resumo, o coração é o mini-eu. Aquele que tem o meu coração, também tem a mim, e tem totalmente.

Extraído de Gordon J. Spykman, Teologia Reformacional - un nuevo paradigma para hacer la Dogmatica, pág. 242

domingo, julho 20, 2008

O princípio da tolerância

Pertenço ao que, às vezes, é chamado de grupo estrito, a Igreja Presbiteriana, mas ela é um grupo que sempre foi dedicada aos princípios de liberdade; e, eu não sou diferente da maioria dos meus concidadãos – no meu entendimento, tolerância significa não somente tolerância para aquilo que aceito, mas ela subentende também tolerância para aquilo que sou violentamente opositor.

Extraído de J.Gresham Machen, Education Christianity and the State, pág. 121

sexta-feira, julho 04, 2008

Como foi possível?

Como foi possível para a criatura que foi criada à própria imagem de Deus, com o entendimento permeado com o verdadeiro conhecimento de Deus, com o coração e vontade adornada com a justiça, todas as afeições estavam adornadas com pureza, e todo o seu ser era santo - como foi possível, que uma criatura assim rebelasse?

Extraído de Homer Hoeksema, The Voice of Our Fathers, pág. 437

sexta-feira, junho 20, 2008

Por amor de si mesmo

Deus não é retratado na Escritura como perdoando o pecado porque Ele realmente se importe com o pecado. Nem porque Ele seja tão exclusivo ou predominantemente o Deus de amor, como se os outros atributos diminuissem pelo desuso na presença de Sua infinita bondade. Pelo contrário, Ele é retratado como libertando o pecador de sua culpa e corrupção porque Ele se compadece das criaturas da sua mão, envoltas em pecado, com uma intensidade que nasce da veemência da sua santa ira contra o pecado e sua justa determinação de visitá-lo com uma intolerante retribuição; de modo que conduz por uma completa satisfação pela a sua infinita justiça e santidade, como pelo seu ilimitado amor por Si mesmo.

Extraído de B.B. Warfield, "God" in: Works of B.B. Warfield, vol.9, pág. 112

Respondendo ao oponente

Quanto ao seu oponente, eu desejo que, antes mesmo que você coloque a sua pena sobre o papel contra ele, e durante todo o tempo em que estiver preparando a sua resposta, possa você entregá-la, por meio de sincera oração, ao ensino e à benção do Senhor. Esta prática terá uma tendência direta de levar o seu coração e amá-lo, bem como de ter compaixão dele. Tal disposição terá uma boa influência sobre cada página que você escrever.

Extraído de John Newton, "On Controversy" in: Works of John Newton, vol. 1, págs. 268-269

terça-feira, junho 17, 2008

O que foi o Puritanismo inglês?

O Puritanismo inglês foi essencialmente um movimento teológico enfatizando a teologia pactual, predestinação e uma liturgia na igreja reformada? Ou, foi o cerne de assuntos políticos afirmando os inalienáveis direitos de consciência diante de Deus, o governo da lei natural acima dos tribunais que reinvindicavam arbitraridade, a dependência do rei do parlamento, a fundação da autoridade estatal em pessoas? Algumas pesquisas modernas apontam para uma terceira possibilidade, que a essência do Puritanismo foi a sua piedade, uma ênfase na conversão e numa sincera religião.

Extraído de Richard M. Hawkes, "The Logic of Assurance in English Puritan Theology" in: Westminster Theological Journal, 52 [1990], pág. 247

quinta-feira, abril 03, 2008

A necessidade do teísmo

A crença numa base racional para o universo somente pode firmar-se por meio de um retorno ao teísmo. Um teísmo vivo somente pode ser digno de crédito mediante a crença em Deus como um Ser que se revela; a crença na Revelação conduz historicamente ao reconhecimento de Cristo como instrumento mais elevado da auto-revelação de Deus para a humanidade. A crença em Cristo como o Revelador somente pode estabelecer-se mediante a crença em sua divindade.

Extraído de James Orr, Concepción Cristiana de Dios y el Mundo, pág. 83

quarta-feira, dezembro 19, 2007

O miraculoso ministério de Cristo

Quando o nosso Senhor veio à terra trouxe o céu consigo. Os sinais que acompanharam o Seu ministério nada mais eram do que a nuvem de glória que Ele conduziu do céu, que é o Seu lar. O número dos milagres que Ele realizou poderiam facilmente serem depreciados. De fato, pode-se dizer que Ele baniu a enfermidade e a morte da Palestina durante os três anos do Seu ministério. Se isto é um exagero, ele é um perdoável exagero.

Extraído de Benjamin B. Warfield, Counterfeit Miracles, pág. 3

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Pressuposição revelacional

Objetar ao cristão que a sua vida e a sua concepção da realidade se fundamentam em pressuposições de crença, supõe falta de rigor argumentativo: também os incrédulos, em todos os seus raciocínios partem de pressuposições de crenças. A diferença está na origem e na natureza destas pressuposições. As do cristão se fundamentam na informação e conteúdo da Revelação Divina, ou seja, na Bíblia; enquanto que para o incrédulo as pressuposições sobre as que edifica as suas elaborações e construções descansam em alguns pontos de partida que ele mesmo estabeleceu e aos que herdou - como resultado de uma fé humanística - como validade última. A questão, assim sendo, não é se um tem e outros não possuem pressuposições de crença, já que tanto crentes como incédulos as têm, mas o que é importante e decisivo saber qual é a origem destas pressuposições e que tipo de pressuposições de crença é capaz de elaborar uma resposta verdadeira aos enigmas e questões da realidade. Para o cristão a origem de suas pressuposições de crença é o próprio Deus - o Deus que fala e se revela -; e, no pressuposicionalismo bíblico fundamentado na revelação o cristão encontra a única e genuína resposta válida para todas as questões transcedentais sobre o seu próprio ser e acerca do mundo.

Extraído de David Estrada, La Biblia: el libro prohibido?, pág. 34-35

sexta-feira, novembro 23, 2007

Devemos nos arrepender do pecado de Adão?

O cristão, de fato, lastimará a culpa do primeiro pecado de Adão, mas não se arrependerá dele. Todavia, da corrupção da natureza, da concupisciência e dos desejos desordenados do nosso coração é nosso dever arrependermos, sentirmos vergonha por eles, entristecermos e indispormos contra eles, assim como de toda transgressão atual; por que isto é culpa somente nossa, (imputada), mas também o nosso próprio pecado.

Extraído de Robert L. Dabney, Lectures on Systematic Theology, pág. 654

quarta-feira, novembro 14, 2007

A necessidade na providência de Deus

Dentro da providência de Deus há operações de necessidade lógica por meio de implicações lógicas, e existem operações de necessidade mecânica por causalidade física. Estes fatos não são contraditórios com a providência de Deus que se estende-se a cada detalhe. O que é necessário lógica ou mecanicamente também o é dentro dos decretos e da providência de Deus.

Extraído de J.Oliver Buswell, A Systematic Theology of the Christian Religion, págs. 171-172

quarta-feira, novembro 07, 2007

Santificação progressiva

Santificação é definida como a obra do Espírito Santo em que somos renovados todo o homem à imagem de Deus, e somos capacitados mais e mais morrer para o pecado e viver a justiça. Tão breve como enfático, pode-se dizer que ela é uma progressiva conformidade de todo o ser humano à natureza Divina.

Octavius Winslow, The Work of the Holy Spirit, pág. 112

sábado, outubro 27, 2007

Teologia como um ato de adoração

A religião, o temor de Deus, precisa antes de tudo ser o elemento que inspira e motiva toda a investigação teológica. Ela necessita ser o pulso desta ciência. Um teólogo é uma pessoa que audaciosamente discursa acerca de Deus, porque ele fala por Deus e para Deus. Professar a teologia é realizar uma santa atividade. Ela é uma ministração sacerdotal na casa do Senhor. Ela é em si mesma um serviço de adoração, uma consagração da mente e do coração em honra ao Seu nome.

Extraído de Herman Bavink, The Doctrina of God, posfácio.

quarta-feira, outubro 24, 2007

A ressurreição e o Pentecostes

A ressurreição não é somente o selo de aprovação de Deus sobre o passado, mas, também é o firme fundamento de tudo o que ocorreu depois, começando explosivamente com o Pentecostes.

Extraído de Gordon J. Spykman, Teologia Reformacional, pág. 463

segunda-feira, setembro 24, 2007

A doutrina da ordenação na Assembléia de Westminster

Ordenação é o ato solene de chamar publicamente um oficial, em que os presbíteros da igreja, em nome de Cristo, e para a igreja, por um sinal visível, designam a pessoa, e ratificam a sua dedicação para o seu ofício; com oração e abençoando os seus dons para a ministração.


Extraído de John Lightfoot, Journal of the Proceedings of the Assembly of Divines (London, 1824), p. 115 citado por Brian Schwetley, A Historical and Biblical Examination of Woman Deacons (texto não publicado) consultado: www.reformedonline.com/view/reformedonline/deacon.htm em 07/03/2007.

sexta-feira, setembro 21, 2007

O ensino de Cristo acerca da pessoa divorciada

Pode-se presumir que a proibição de Cristo de se contrair um segundo casamento para a mulher que se divorciou de seu marido (Mc 10:12) e, a proibição similar de Paulo (1 Co 7:11) com referência a uma mulher separada de seu esposo tem ambas que ver com casos em que a causa do divórcio, ou separação não foi o adultério, ou o abandono irremediável. Em tal caso a mulher deve reconhecer o seu pecado ao causar a separação e, se é possível, deve retornar a sua relação matrimonial original. Ela não pode contrair segundo casamento a não ser que o seu marido tenha rompido o matrimônio por outra união.

A regra em Mt 5:32 e em Lc 16:18 que ensina que um homem que se casa com uma mulher divorciada deve ser considerado como adúltero, parece ser muito raro à luz da estipulação mosaica de que a mulher divorciada que “saiu da sua casa [de seu primeiro esposo], poderá ir e se casar com outro homem” (Dt 24:2). Não é possível pensar que Cristo contradiria a lei mosaica ou que instruiria em contraste sem oferecer algum comentário quanto a isto. Recordando o princípio de que não temos o ensino bíblico sobre qualquer assunto até que examinemos todas as passagens pertinentes, devemos observar que o contexto mosaico disse que se o segundo marido se divorcia da mulher envolvida, o seu primeiro marido não tem liberdade de recebê-la de volta como esposa. O propósito óbvio desta lei é de proibir um promíscuo intercâmbio de esposas. Sendo que Cristo se referia diretamente à lei mosaica pode-se supor que as suas observações sobre o casamento de uma mulher divorciada sejam tomadas como uma alusão a Dt 24:3-4, e não como uma contradição de Dt 24:2. Isto seria perfeitamente claro nas circunstâncias em que ocorreram os diálogos de Cristo sobre o tema.

Extraído de James Oliver Buswell, Jr.,
A Systematic Theology of the Christian Religion, vol. 1, págs. 389-390

sábado, setembro 15, 2007

Moralidade e verdade

Não existe uma antítese entre verdade intelectual e moralidade como superficialmente algumas mentes imaginam. Uma mentira, que é a negação da verdade, é imoral. Ela é pecado por pensar incorretamente. Quando uma pessoa pensa que é proveitoso roubar, ou quando alguém dos antigos raciocina que eles poderiam livrar-se do desgosto por sacrificar a um ídolo, a sua falsa opinião era pecado. Não pode existir tal coisa como moralidade, a menos que existam verdadeiros princípios morais. Moralidade depende da verdade.

Extraído de Gordon H. Clark, The Johannine Logos, págs. 68

quinta-feira, setembro 06, 2007

A tarefa do teólogo

O teólogo reformado, todavia, edifica esta ordem de apresentação sobre o fundamento de que todo o conhecimento de Deus é fruto de Sua revelação. Então, o dogmático precisa primeiro determinar o que Deus nos dá a conhecer acerca de Si mesmo, e assim, que tipo de relacionamento existe com o Deus que criou o homem, e qual relacionamento o homem mantém com Ele agora, e finalmente o que Deus tem realizado e revelado para a Sua glória e para o eterno fim do homem, e também a maneira pela qual o Senhor de acordo com o Seu soberano beneplácito tem consumado a redenção até a perfeita glória.

Extraído de G.H. Kersten, Reformed Dogmatics, vol. 1, p. xv

Definição de Teologia Sistemática

É o estudo metodológico da Bíblia que analisa a Escritura Sagrada como uma completa revelação, em distinção das disciplinas de Teologia do Antigo Testamento, Teologia do Novo Testamento e Teologia Bíblica, as quais se aproximam das Escrituras como uma revelação progressiva. Deste modo, o teólogo sistemático analisa as Escrituras como uma revelação completa, buscando entender holisticamente o plano, propósito e a intenção didática da mente divina revelada na Sagrada Escritura, e organizar este plano, propósito e intenção didática de modo ordenado e apresentação coerente como artigos da fé cristã.

Extraído de Robert L. Reymond, A New Systematic Theology of the Christian Faith, p. xxv-xxvi

O segundo princípio da Dogmática

Deus fala de si e para si mesmo. Ele é o sujeito e o predicado de todo o seu discurso. quando declaramos que Deus fala, poderíamos ser cuidadosos em enfatizar que o seu discurso é eternamente perfeito e que não está limitado pelas imperfeições do tempo e da mudança, assim como é o discurso humano. De eternidade a eternidade Deus expressa a inteira plenitude de sua infinita mente e ouvimos as suas palavras.

Extraído de Herman Hoeksema, Reformed Dogmatics, vol. 1, págs. 25

Inerrância das Escrituras

Os escritores sacros foram movidos e inspirados pelo Espírito Santo, envolvendo tanto os pensamentos, como a linguagem, e que eles foram preservados livres de todo erro, fazendo com que os seus escritos fossem plenamente autênticos e divinos.

Extraído de William G.T. Shedd, Dogmatic Theology, vol. 1, pág. 72

terça-feira, agosto 28, 2007

A certeza da salvação e justificação

O mundo calvinista estabeleceu, com base na doutrina da Assembléia de Westminster, que a certeza da esperança não é parte essencial da fé salvadora; para que muitos crentes pudessem ser justificados ainda que não tenham esta segurança: e possam permanecer por muito tempo sem ela; mas, ainda assim, uma certeza infalível fundamentada na comparação do seu coração e vida com a Escritura, e o ensino e a luz do Espírito Santo, por meio da Palavra, é o privilégio e deve ser o alvo de todo verdadeiro cristão.

Extraído de Robert L. Dabney, Lectures on Systematic Theology, pág. 702

segunda-feira, agosto 27, 2007

A influência do sistema calvinista

O sistema de Calvino é reflexo de sua mente - severa, grande, lógica, ousada - para elevar-se às alturas; contudo, humilde em retornar sempre às Escrituras como sua base. Fundamentando-se no trono de Deus, Calvino percebe tudo à luz do decreto eterno divino. O homem em seu estado de pecado perdeu a sua libertade espiritual e o poder de fazer algo que seja verdadeiramente bom, ainda que Calvino admita livremente a existência da virtude natural, e a atribua à operação da divina graça, inclusive em seu estado não regenerado (Institutas II. 2. 12-17). A providência de Deus governa e abrange tudo, tanto o natural como o espiritual. Tudo o que acontece é o iluminar do conselho eterno. Tudo o que é atraído ao reino de Deus, o é por um ato livre da graça, e ainda assim a omissão dos não salvos deve ser atribuída a uma origem na vontade divina eterna, por mais misteriosa que seja. A vontade de Deus, deste modo, contém em si as razões últimas de tudo o que existe. Não é arbitrária, mas, uma vontade santa e boa, ainda que as razões do que ocorre na realidade no governo do mundo nos sejam inescrutáveis.

A comunidade de sua Igreja se extende a muitos países. O seu sistema entra como um ferro no sangue das nações que a receberam. Levantaram-se os huguenotes franceses, os puritanos ingleses, os escoceses, os holandeses, os da Nova Inglaterra; gente valorosa, livre e temente a Deus. Prostrando o homem diante de Deus, mas exaltando-o novamente na consciência de uma libertade, nascida de novo em Cristo; mostrando a sua escravidão por causa do pecado, mas restaurando-o na liberdade mediante a graça; guiando-o para que veja todas as coisas à luz da eternidade, contribuiu para formar um tipo vigoroso, mas nobre e elevado de caráter, criou uma raça que não se intimida em levantar a cabeça diante dos reis.

Extraído de James Orr, El Progreso del Dogma, pág. 233

quarta-feira, agosto 22, 2007

Circumincessio

A Escritura apresenta uma sensível avaliação entre as diferenças entre as Pessoas da Trindade e o Seu mútuo envolvimento, e eu necessito dizer mais a respeito deste último assunto. Circumincessio, circumcessio, circumssion, perichoresis, e coinherence são termos técnicos para a mútua relação das Pessoas: o Pai no Filho, e o Filho nEle (Jo 10:38; 14:10-11, 20; 17:21); e ambos no Espírito, e o Espírito nEles (Rm 8:9). Ver Jesus é ver o Pai (Jo 14:9), porque Ele e o Pai são um (10:30). Após Jesus deixar a terra, ele "viria" no Espírito para estar com o Seu povo (14:18).[1]

Todas as três Pessoas estão envolvidas em todas as obras de Deus da Criação.[2] Como temos observado o Pai (Gn 1), o Filho (Jo 1:3; Cl 1:16), e o Espírito (Gn 1:2; Sl 104:30) estão envolvidos na obra da criação. O mesmo é verdade quanto à providência, e, do mesmo modo a redenção o juízo final. Isto não significa que as três Pessoas atuam da mesma forma nestes eventos. O Pai, e não o Filho, enviou Jesus ao mundo para redimir o Seu povo; o Filho, e não o Pai, ou o Espírito, incarnou para morrer sobre a cruz pelos nossos pecados. De fato, no momento da morte, Ele estava, do mesmo modo misterioso, desamparado pelo Seu Pai (Mc 15:34). O Espírito, e não o Pai nem o Filho, veio sobre a Igreja com poder no dia de Pentecostes (enviado pelo Pai e pelo Filho [Jo 14:15-21]), apesar do Filho vir à nós pelo Espírito.

De acordo com 1 Pe 1:1-2, o Pai é o único que predetermina, o Filho é o único que asperge o sangue, e o Espírito é o único que santifica. Esta é uma generalização acerca das diferentes tarefas das Pessoas da Divindade: o Pai planeja, o Filho executa e o Espírito aplica. Mas, de acordo com Pedro não existe aqui a descrição de uma precisa divisão da obra. Ele reconhece que todos os eventos exigem a concorrência de todas as três Pessoas.

Notas:
[1] Relembrando que Jesus também compara a mútua habitação dos membros da Trindade com (1) o habitar das pessoas da Divindade nos crentes, e (2) a unidade dos crentes uns com os outros (Jo 17:21-23). De fato, estas são analogias, e não identidades, pois não podemos saber exatamente como Deus é. Mas podemos apoiar um ao outro, e assim glorificar um ao outro, como os membros da Trindade fazem. Para mais implicações deste princípio para a vida cristã veja o meu artigo "Walking Together" no site http://www.thirdmill.org/, Online Magazine 1:17-18 (21 e 28 de Junho e 4 de Julho de 1999).
[2] Existe a opera ad extra na tradicional terminologia, ou seja, as obras de Deus que estão terminadas fora Dele. Há também atos que Deus realiza internamente em Seu Ser (opera ad intra) nos quais somente uma das Pessoas está envolvida, como a geração do Filho pelo Pai. Discutirei posteriormente este assunto.

Extraído de John M. Frame, The Doctrine of God, págs. 693-694

terça-feira, agosto 14, 2007

O conhecer a Deus

Como a majestade de Deus ultrapassa em si mesma a capacidade do entendimento humano e inclusive lhe é incompreensível, temos que adorar a sua grandeza mais do que examiná-la para que não nos encontremos afligidos com tão grande percepção. Por isto devemos buscar e considerar a Deus em Suas obras, às quais a Escritura chama, por esta razão, de "manifestações das coisas invisíveis" (Rm 1:19-20; Hb 11:1), pois nos manifestam o que de outro modo não podemos conhecer do Senhor.

Extraído de Juan Calvino, Breve Instrucción, págs. 10-11