sábado, abril 27, 2024

O Credo Apostólico

Creio em Deus Pai,
Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra.
Creio em Jesus Cristo,
seu único Filho, nosso Senhor,
o qual foi concebido pelo Espírito Santo,
nasceu da virgem Maria,
padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos,foi crucificado, morto e sepultado;
desceu aos infernos,[1]
ressuscitou dos mortos no terceiro dia,
subiu aos céus, está sentado à destra de Deus, o Pai onipotente,
e virá de lá para julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na santa igreja universal,
na comunhão dos santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição do corpo
e na vida eterna.
Amém.[2]

 

NOTAS:

[1] Esta é uma claúsula que tem causado controvérsia entre católicos, luteranos, anglicanos e calvinistas em geral, quanto ao seu significado. A expressão surgiu no século V no Credo revisado pelo bispo Rufino de Aquiléia, ela não faz parte do credo original. Vide* Phillip Schaff, The Creeds of Christendom [Grand Rapids, Baker Books, 6ª ed., 2007], vol. 2, pp. 49-55.

[2] O Credo Apostólico como o conhecemos encontra-se pela primeira vez em Dicta Abbatis Pirminii de singulis libris canonicis scarapsusu (= excerptus, excerto), c. 750 d.C. Todavia, a sua escrita teve início num período posterior entre 70 a 100 d.C..

quarta-feira, março 20, 2024

Calvino e a Lei Natural

 Finalmente, este estudo de Calvino e da equidade lança luz sobre o pensamento do reformador sobre o direito natural. Há uma enorme literatura sobre este tema, com o debate acirrado em torno de se a lei natural tem ou não um lugar claro na teologia e na ética de Calvino. Os estudiosos que afirmam que a lei natural é importante para Calvino incluem Emil Brunner (1935; 1946), John T. McNeill (1946), Susan Schreiner (1991) e I. John Hesselink (1992). Aqueles que argumentam que sua compreensão da a lei natural é incoerente ou inconsequente incluem Karl Barth (1934) e James Torrance (1988). A literatura sobre Calvino e a lei natural ofusca enormemente a literatura sobre Calvino e a equidade, que é muito pequena e foi citada neste capítulo. No entanto, apesar da estreita ligação demonstrada entre equidade e lei natural, bem como do lugar crucial que a equidade desempenha no pensamento ético de Calvino, o conceito de equidade é, muitas vezes, uma peça negligenciada no debate sobre a lei natural na teologia de Calvino. No entanto, não há dúvida de que o conceito de equidade desempenha um papel crítico neste debate, e que se quisermos levar a sério as ideias jurídicas de Calvino, o lugar essencial da lei natural na sua teologia não pode ser ignorado. Isso não quer dizer que não existam conflitos entre o direito natural e a antropologia teológica, mas apenas que não se pode negar que o próprio Calvino gastou muita energia na discussão do direito natural e da equidade. Os debates futuros sobre Calvino e a lei natural não podem incluir a imagem completa do seu pensamento sem abordar o conceito de equidade.[1]



[1] Alexander Batson, “Calvin and Equity” in: Gordon Bruce & Carl R. Trueman, eds., The Oxford Handbook of Calvin and Calvinism (Oxford, Oxford University Press, 2021), p. 86.