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segunda-feira, agosto 27, 2007

A influência do sistema calvinista

O sistema de Calvino é reflexo de sua mente - severa, grande, lógica, ousada - para elevar-se às alturas; contudo, humilde em retornar sempre às Escrituras como sua base. Fundamentando-se no trono de Deus, Calvino percebe tudo à luz do decreto eterno divino. O homem em seu estado de pecado perdeu a sua libertade espiritual e o poder de fazer algo que seja verdadeiramente bom, ainda que Calvino admita livremente a existência da virtude natural, e a atribua à operação da divina graça, inclusive em seu estado não regenerado (Institutas II. 2. 12-17). A providência de Deus governa e abrange tudo, tanto o natural como o espiritual. Tudo o que acontece é o iluminar do conselho eterno. Tudo o que é atraído ao reino de Deus, o é por um ato livre da graça, e ainda assim a omissão dos não salvos deve ser atribuída a uma origem na vontade divina eterna, por mais misteriosa que seja. A vontade de Deus, deste modo, contém em si as razões últimas de tudo o que existe. Não é arbitrária, mas, uma vontade santa e boa, ainda que as razões do que ocorre na realidade no governo do mundo nos sejam inescrutáveis.

A comunidade de sua Igreja se extende a muitos países. O seu sistema entra como um ferro no sangue das nações que a receberam. Levantaram-se os huguenotes franceses, os puritanos ingleses, os escoceses, os holandeses, os da Nova Inglaterra; gente valorosa, livre e temente a Deus. Prostrando o homem diante de Deus, mas exaltando-o novamente na consciência de uma libertade, nascida de novo em Cristo; mostrando a sua escravidão por causa do pecado, mas restaurando-o na liberdade mediante a graça; guiando-o para que veja todas as coisas à luz da eternidade, contribuiu para formar um tipo vigoroso, mas nobre e elevado de caráter, criou uma raça que não se intimida em levantar a cabeça diante dos reis.

Extraído de James Orr, El Progreso del Dogma, pág. 233

quarta-feira, agosto 22, 2007

Circumincessio

A Escritura apresenta uma sensível avaliação entre as diferenças entre as Pessoas da Trindade e o Seu mútuo envolvimento, e eu necessito dizer mais a respeito deste último assunto. Circumincessio, circumcessio, circumssion, perichoresis, e coinherence são termos técnicos para a mútua relação das Pessoas: o Pai no Filho, e o Filho nEle (Jo 10:38; 14:10-11, 20; 17:21); e ambos no Espírito, e o Espírito nEles (Rm 8:9). Ver Jesus é ver o Pai (Jo 14:9), porque Ele e o Pai são um (10:30). Após Jesus deixar a terra, ele "viria" no Espírito para estar com o Seu povo (14:18).[1]

Todas as três Pessoas estão envolvidas em todas as obras de Deus da Criação.[2] Como temos observado o Pai (Gn 1), o Filho (Jo 1:3; Cl 1:16), e o Espírito (Gn 1:2; Sl 104:30) estão envolvidos na obra da criação. O mesmo é verdade quanto à providência, e, do mesmo modo a redenção o juízo final. Isto não significa que as três Pessoas atuam da mesma forma nestes eventos. O Pai, e não o Filho, enviou Jesus ao mundo para redimir o Seu povo; o Filho, e não o Pai, ou o Espírito, incarnou para morrer sobre a cruz pelos nossos pecados. De fato, no momento da morte, Ele estava, do mesmo modo misterioso, desamparado pelo Seu Pai (Mc 15:34). O Espírito, e não o Pai nem o Filho, veio sobre a Igreja com poder no dia de Pentecostes (enviado pelo Pai e pelo Filho [Jo 14:15-21]), apesar do Filho vir à nós pelo Espírito.

De acordo com 1 Pe 1:1-2, o Pai é o único que predetermina, o Filho é o único que asperge o sangue, e o Espírito é o único que santifica. Esta é uma generalização acerca das diferentes tarefas das Pessoas da Divindade: o Pai planeja, o Filho executa e o Espírito aplica. Mas, de acordo com Pedro não existe aqui a descrição de uma precisa divisão da obra. Ele reconhece que todos os eventos exigem a concorrência de todas as três Pessoas.

Notas:
[1] Relembrando que Jesus também compara a mútua habitação dos membros da Trindade com (1) o habitar das pessoas da Divindade nos crentes, e (2) a unidade dos crentes uns com os outros (Jo 17:21-23). De fato, estas são analogias, e não identidades, pois não podemos saber exatamente como Deus é. Mas podemos apoiar um ao outro, e assim glorificar um ao outro, como os membros da Trindade fazem. Para mais implicações deste princípio para a vida cristã veja o meu artigo "Walking Together" no site http://www.thirdmill.org/, Online Magazine 1:17-18 (21 e 28 de Junho e 4 de Julho de 1999).
[2] Existe a opera ad extra na tradicional terminologia, ou seja, as obras de Deus que estão terminadas fora Dele. Há também atos que Deus realiza internamente em Seu Ser (opera ad intra) nos quais somente uma das Pessoas está envolvida, como a geração do Filho pelo Pai. Discutirei posteriormente este assunto.

Extraído de John M. Frame, The Doctrine of God, págs. 693-694

terça-feira, agosto 14, 2007

O conhecer a Deus

Como a majestade de Deus ultrapassa em si mesma a capacidade do entendimento humano e inclusive lhe é incompreensível, temos que adorar a sua grandeza mais do que examiná-la para que não nos encontremos afligidos com tão grande percepção. Por isto devemos buscar e considerar a Deus em Suas obras, às quais a Escritura chama, por esta razão, de "manifestações das coisas invisíveis" (Rm 1:19-20; Hb 11:1), pois nos manifestam o que de outro modo não podemos conhecer do Senhor.

Extraído de Juan Calvino, Breve Instrucción, págs. 10-11

quarta-feira, agosto 08, 2007

O que é fé salvadora?

A fé salvadora é a obra de Deus no pecador que foi eleito, regenerado e chamado, e por meio dela o pecador é enxertado em Cristo e recebe e apropria-se de Cristo e todos os Seus benefícios, confiando nEle no tempo e por toda eternidade.

Extraído de Herman Hoeksema, Reformed Dogmatics, pág. 62

sábado, agosto 04, 2007

A Igreja Católica é a Igreja verdadeira?

É certo que somos pecadores e abundam os vícios entre nós, e que muitos de nós caimos freqüentemente e desfalecemos muitas vezes; todavia, a vergonha me impede ter o atrevimento de vangloriar-me (até onde a verdade o permite) de sermos melhores que vocês e isto em todos os aspectos. Contando que não pretenda, porventura, exceptuar a Igreja Católica Romana, formosíssimo santuário de toda santidade, a qual uma vez aberta as cortinas das janelas e, desfeitas as barreiras da autêntica disciplina e pisoteada a honestidade, está tão transbordante de toda espécie de maldades que com grande dificuldades poderá se achar em toda a história um exemplo semelhante de tão grande abominação.

Extraído de Juan Calvino, Respuesta al Cardenal Sadoleto, pág. 53

quinta-feira, agosto 02, 2007

A bondade de Deus

A observação que intenciono firmar é esta: - a pura e perfeita bondade é uma prerrogativa somente de Deus. A bondade é uma perfeita escolha da Divina natureza. Este é o verdadeiro e genuíno caráter de Deus; pois, Ele é bom, Ele é bondoso, bom em Si mesmo, bom em Sua essência, bom no mais alto grau, possuidor de tudo o que é mais agradável, excelente e desejável. O mais alto bem, porque Ele é o primeiro bem: Deus é de tudo o que é mais bondoso; de tudo o que é mais verdadeira bondade em alguma criatura, é uma semelhança de Deus. Todos os nomes de Deus são compreendidos em Sua bondade. Todos os dons, todas as variedades de bondade são contidas nEle como um bem comum.

Extraído de Stephen Charnock, The Existence and Attributes of God, vol. 2, pág. 215

quarta-feira, agosto 01, 2007

A segurança do sistema presbiteriano

Em nenhuma parte do Novo Testamento encontramos alguma referência para a designação de somente um presbítero, ou apenas um diácono, para realizar uma tarefa. A nossa tendência seria nomear um líder, mas a sabedoria de Deus é superior a nossa. Ao nomear várias pessoas para trabalhar juntas, a igreja, sob a direção de Deus, facilitou a motivação mútua entre aqueles que compartilham o trabalho, assim como diminuiu o risco do orgulho e a tirania no cargo.

Extraído de James M. Boice, Foundations of the Christian Faith, pág. 632

quarta-feira, julho 25, 2007

Arrependimento e remorso

Judas sentiu profundo remorso por ter traído Jesus. Ele se sentiu como um perfeito miserável acerca do que havia feito. Contudo, ele foi e se enforcou. Ainda que ele tenha sentido remorso em ter “traído sangue inocente” (Mateus 27:4), toda a sua tristeza estava centrada em si mesmo. Na verdade ele não se arrependeu, porque senão ele teria imediatamente buscado o perdão do Salvador. O seu sentimento foi simplesmente o remorso de alguém que repentinamente se horroriza daquilo que fez. Sim, ele se entristeceu: a sua tristeza envolveu o que fez, e a tristeza pelas conseqüências. Mas, foi só isso.

Extraído de Calvin Knox Cummings, Confessing Christ, págs. 34-35.

sábado, julho 21, 2007

A regeneração é irrevogável

A natureza da mudança efetuada na regeneração é uma garantia suficiente de que a vida implantada será permanente. A regeneração é uma transformação radical e sobrenatural da natureza interna, mediante a qual a alma é vivificada espiritualmente, e a nova vida implantada é imortal. Visto que esta mudança ocorre na natureza interna, ela está situada numa esfera sobre a qual o homem não possuí controle. Nenhuma criatura possuí liberdade de mudar os princípios fundamentais de sua natureza, já que isso é prerrogativa de Deus, como criador.

Extraído de Loraine Boettner, La Predestinación, p. 157

sexta-feira, julho 20, 2007

A contínua ação do Espírito no salvo

É uma inferior e indigna avaliação da sabedoria do Espírito Santo e da Sua obra no coração [humano], supor que Ele comece a obra agora e, logo em seguida a abandone; que a centelha vital do nascimento celestial seja um ignis fatuus, ardendo por um pouco e, depois expirando em total escuridão.

Extraído de Robert L. Dabney, Lectures in Systematic Theology, p. 692

A causa da Perseverança dos salvos

Deus não foi induzido a dar a sua graça ao pecador, em primeira instância por haver visto algo meritório, ou atrativo no pecador que se arrepende; portanto, a subseqüente ausência de todo bem no pecador não pode ser um motivo novo para que Deus retire dele a sua graça. Quando Deus conferiu a sua graça ao pecador, ele sabia perfeitamente que o pecador era totalmente depravado e odiável; portanto, nem a ingratidão, nem a infidelidade por parte do pecador convertido pode ser motivo que induza a Deus de mudar de opinião, ou seja, para retirar sua graça. Deus disciplinará tal ingratidão e infidelidade retirando temporariamente o seu Espírito, ou suas misericórdias providenciais; mas se o seu propósito desde o princípio não fosse de suportar tais pecados e perdoá-los em Cristo, ele não teria sequer chamado ao pecador. Em outras palavras, as causas pelas quais Deus determinou conferir o seu amor eletivo ao pecador se encontram totalmente Nele, e não no crente; conseqüentemente, nada no coração, ou na conduta do crente pode finalmente alterar esse propósito divino.

Extraído de R.L. Dabney, Lectures in Systematic Theology, p. 690-691

A causa e efeito na Perseverança dos salvos

O amor soberano e imerecido é a causa do chamamento eficaz do crente (Jr 31:3; Rm 8:30). E como a causa é imutável, o efeito também o é. O efeito é a contínua comunicação da graça ao crente em quem Deus começou uma boa obra.

Extraído de R.L. Dabney, Lectures in Systematic Theology, p. 690

quarta-feira, maio 30, 2007

Ética absoluta

A ética está em conformidade com certos padrões, princípios e leis. Ela pressupõe e tacitamente assume que existe um padrão, uma lei acima de um ser ético, e que este ser ético está obrigado a ser e agir em conformidade com este padrão.

Extraído de Herman Hoeksema, Reformed Dogmatics, vol.1, p. 132

sexta-feira, outubro 27, 2006

O método da Teologia Sistemática

O estudo metodológico da Bíblia que analisa a Escritura Sagrada como uma completa revelação, em distinção das disciplinas de Teologia do Antigo Testamento, Teologia do Novo Testamento e Teologia Bíblica, as quais se aproximam das Escrituras como uma revelação progressiva. Deste modo, o teólogo sistemático analisa as Escrituras como uma revelação completa, buscando entender holisticamente o plano, propósito e a intenção didática da mente divina revelada na Sagrada Escritura, e organizar este plano, propósito e intenção didática de modo ordenado e apresentação coerente como artigos da fé cristã.

Extraído de Robert L. Reymond, A New Systematic Theology of the Christian Faith, p. xxv-xxvi

A natureza da Teologia Sistemática

É aquela disciplina teológica em que o dogmático, numa relação orgânica com a igreja do passado, bem como do presente, propõe esclarecer das Escrituras o verdadeiro conhecimento de Deus, ao confirmar em alguma forma sistemática, e depois comparar os dogmas existentes com a Escritura, conduzindo o conhecimento de Deus ao mais alto estado de desenvolvimento.

Extraído de Herman Hoeksema, Reformed Dogmatics, vol. 1, p. 6

O que é dogmática?

A dogmática é a descrição sistemática dos conteúdos e correlação mútua das verdades (dogmata) reveladas na Palavra de Deus.

Extraído de G.H. Kersten, Reformed Dogmatics, vol. 1, p. xiii

terça-feira, outubro 17, 2006

Semente do relativismo doutrinário

Todos devem estar cientes de que há nos dias de hoje um grande preconceito contra doutrina – ou, como é muitas vezes chamada – “dogma” – na religião; uma grande desconfiança e aversão ao pensamento claro e sistemático a respeito de coisas divinas. Os homens preferem, não se pode deixar de notar, viver numa religião de nebulosidade e indefinição com relação a esses assuntos. Querem que o seu pensamento seja fluido e indefinido – algo que possa ser mudado com os tempos, e com as novas luzes que eles acham estarem constantemente aparecendo para iluminá-los, continuamente adquirindo novas formas e deixando o que é velho para trás.

Extraído de James Orr, Sidelights on Christian Doctrine, p. 3

segunda-feira, setembro 18, 2006

Toda doutrina é em propósito essencial

Um ensino das Escrituras pode ser considerado como não essencial para a salvação e, no entanto, ser muitíssimo importante para outro grande e gracioso propósito na economia de Deus, isso pode ser necessário para o nosso conforto pessoal, para nos direcionar no modo de viver a nossa vida, para o nosso crescimento em santidade e, ainda mais, ser essencial para a totalidade do sistema da verdade divina.

Extraído de John W. Robbins, ed., The Church Effeminate, p. 32

segunda-feira, agosto 14, 2006

O propósito da Bíblia

A Bíblia é a Palavra de Deus - isto é a principal coisa a saber a seu respeito. Não podemos por nós mesmos encontrar a Deus. Ele se revela, e é confiável, em suas obras. "Os atributos invisíveis de Deus, assim como o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das cousas que foram criadas" (Rm 1:20). Mas, precisamos conhecer muito mais do que o seu "eterno poder e divindade". Somos pecadores, e necessitamos conhecer a sua bondade e os meios que Ele forneceu para salvar-nos. Este é o tema da Bíblia. A Bíblia nos revela o caminho da salvação. O caminho apresentado no Antigo Testamento; e, no Novo Testamento, na vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, é realizado este maravilhoso plano. Não poderíamos descobrí-lo por nós mesmos. "Porque qual dos homens sabe as cousas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as cousas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus" (1 Co 2:11). Se vamos conhecer a Deus, Ele precisa falar-nos. Ele nos fala na Bíblia.

Extraído de J. Gresham Machen, The New Testament - An Introduction to its Literature and History, p. 16

Teologia Sistemática e Bíblica

A Teologia Bíblica ocupa uma posição entre a Exesege e a Sistemática na enciclopédia das disciplinas teológicas. Ela difere da Teologia Sistemática, não porque seja mais bíblica, ou por aderir mais estritamente as verdades da Escritura, mas em que o seu princípio de organizar o material bíblico é mais histórico do que lógico. Considerando que a Teologia Sistemática usa a Bíblia como um todo completo e empenha-se em exibir o seu completo ensino numa forma ordenada e sistemática, a Teologia Bíblica divide os assuntos a partir da perspectiva histórica, buscando demonstrar o crescimento orgânico ou desenvolvimento das verdades da Revelação Especial da primitiva Revelação Especial pré-redentiva entregue no Éden até o fechamento do cânon do Novo Testamento.

Extraído de Geerhardus Vos, Biblical Theology, p. v-vi